Texto Pedro Conceição
CORRIDAS DA UBER ENERVAM TAXISTAS!
No auge da crispação entre os taxistas portugueses e a multinacional americana UBER, fomos saber como funciona esta plataforma e tentar esclarecer os leitores da Setúbal Revista sobre as virtudes e os defeitos desta nova solução de transporte urbano. Tentámos descobrir quais as razões que tanto “assustam” as associações de “rádio táxis” e os taxistas. Fizemos vários trajectos, grandes e curtos, falámos com os condutores, e comparámos os preços cobrados. Veja aqui os resultados!
Evolução ou Revolução ?
A palavra “Táxi” é quase universal. Em praticamente todos os idiomas significa a mesma coisa. Nos dicionários portugueses encontrará algo do género: “Automóvel de aluguer para transporte de passageiros, geralmente munido de taxímetro.”
Em algumas cidades, uma nova palavra emerge como sinónimo de “táxi de luxo”, a “Uber”. Para milhões de passageiros que já utilizam o serviço nas grandes cidades mundiais, esta palavra representa já o futuro do transporte urbano. Os carros são geralmente novos, limpos e o condutor tudo faz para agradar os passageiros, que o classificam no final do trajecto. Dizem os defensores das plataformas que o facto de haver uma entidade a mediar a transacção, motiva os condutores a ter mais cuidado com o cliente, para que assim possam ser chamados mais vezes e, desta forma, aumentar o seu rendimento financeiro. A Uber é a face mais visível deste novo fenómeno das plataformas digitais que facilitam a contratação de veículos de transporte urbano com condutor. Muitas outras plataformas têm vindo a emergir e irão estar também disponíveis num futuro próximo. Dito isto, quais são então as plataformas que actualmente operam em Portugal?
Segundo a nossa investigação, operam por cá, pelo menos, três plataformas distintas: A “Uber” (EUA), a “Cabify” (Espanha) e a “MyTaxi” (Alemanha). Em todos os casos, o serviço está disponível maioritariamente em Lisboa e Porto, sendo ainda residual a sua presença nas outras cidades do país. As funcionalidades são similares e cada plataforma diferencia-se por alguns detalhes operacionais que cada cliente poderá querer usufruir e valorizar.
Curiosamente a Uber será a mais conhecida do público em geral, muito por via de ter sido a primeira a introduzir este novo conceito de mobilidade urbana. Por outro lado, os pr

otestos dos taxistas sempre são muito direccionados para a Uber, o que tem vindo a dar-lhes alguma visibilidade adicional. Será que a Uber seria tão conhecida antes dos protestos dos taxistas?
Segundo as estatísticas das “App Stores”, parece existir um aumento de downloads da aplicação Uber após cada protesto dos taxistas. A própria imprensa, ao cobrir os protestos, sente-se na obrigação de esclarecer os seus leitores ou espectadores, dando atenção ao tema e tendo em conta que a novidade por esclarecer é o tipo de serviço que estas plataformas proporcionam, nomeadamente a Uber. Possivelmente os protestos teriam sempre que ser feitos, na defesa dos direitos dos táxis e taxistas, mas teve este efeito de catapultar esta marca para patamares estratosféricos, em muito pouco tempo, sem ter que investir proporcionalmente em publicidade! Dá que pensar…
Origens da plataforma Uber
A Uber iniciou a sua actividade em Julho de 2010, na cidade de São Francisco. O plano inicial era oferecer carros executivos descaracterizados, como Mercedes-Benz, Audi ou BMW. O serviço pretendia proporcionar um carro de luxo com chauffeur privado a preços relativamente acessíveis.
O sucesso foi relativamente inconsequente até que a responsável governativa dos transportes de São Francisco tentou limitar os serviços da empresa, alegando problemas de licenciamento. A confusão colocou a empresa nos holofotes da imprensa e no radar dos fundos de capital de risco, marcando assim o início do sucesso do Uber em território americano.
Naquela altura foi muito badalada a facilidade de utilização, sendo somente necessário abrir a aplicação, chamar um carro, fazer o trajecto confortavelmente sem precisar tirar a carteira do bolso para pagar. Essa era a grande “magia” da Uber, que motivava a satisfação dos clientes. O serviço era bastante mais caro que os táxis convencionais, mas os clientes valorizavam as diferenças.
Em 2012, a empresa apresentou o UberX, a opção que permitia virtualmente a qualquer proprietário de um veículo automóvel, com certas características, ser motorista Uber. Foi também em 2012 que a marca começou a expansão em outros continentes, nomeadamente na Europa onde iniciou actividade em Paris e Londres. E foi justamente a partir deste momento que os problemas legais realmente começaram para a Uber, com uma grande contestação dos serviços de táxis incumbentes, ao mesmo tempo que obtinham elevados graus de aceitação e popularidade entre os clientes.
Em Portugal a empresa oferece basicamente três tipos de serviços: UberBlack, que oferece carros luxuosos de cor preta (de marcas premium – como a Mercedes ou a BMW – e com menos de 5 anos), com motoristas vestidos a rigor com fato escuro, e até garrafas de água gelada à disposição do passageiro; o UberX, que oferece carros mais simples e tem preços competitivos com os dos táxis, cujos motoristas costumam ser pessoas que usam a plataforma para complementar o seu rendimento, trabalhando apenas algumas horas por semana. Foi justamente este último serviço, que devido às tarifas mais baixas, tornou o Uber extremamente competitivo, com serviços de táxi tradicional, aumentando muito a sua quota de mercado; e o UberGREEN que se caracteriza pelo compromisso de utilização de veículos amigos do ambiente (carros eléctricos).
Muitas outras ofertas específicas foram sendo lançadas em determinadas localizações, como por exemplo o UberChopper que disponibiliza trajectos em helicóptero, em Nova Iorque. São ofertas específicas e que muito dependem de certos mercados mais abastados, não estando prevista a sua massificação.
A nossa viagem de Uber
Estão em tribunal processos levantados pelas associações de táxis/taxistas, que pretendem

simplesmente proibir a Uber de operar em Portugal. O processo corre nos tribunais e enquanto não há uma decisão definitiva, a multinacional continua a expandir-se. Estrategicamente, tentam fazê-lo o mais rapidamente possível, para assim influenciar uma decisão a seu favor. O fenómeno nota-se mais em Lisboa e no Porto, onde a presença da Uber tem já algum significado. Em Setúbal a presença é ainda residual ou mesmo nula, pelo que fizemos os nossos testes em Lisboa. Se vir um carro de gama média-baixa, relativamente recente (tipicamente com menos de 10 anos), impecavelmente lavado, somente com passageiros no banco de trás, é provável que esteja perante um condutor ao serviço da Uber (ou equivalente). É pouco credível que o dono de um Renault Megane ou um VW Polo, tenha chauffeur privado. Bem, não vamos fazer juízos de valor, mas convenhamos que não é o mais provável. Durante o nosso trajeto entre a Baixa e a Expo, metemos conversa com o nosso condutor, “Pedro”, aparentando vinte e poucos anos. A conversa fluiu facilmente e o assunto não podia ser outro… Como funcionam as coisas para ser condutor da Uber? Segundo ele, para se juntar à Uber não necessitou de grande coisa, os documentos habituais (CC e Carta de Condução), documentos do veículo e um registo criminal. Alguns dias depois, estava inscrito como condutor e podia instalar a app no seu smartphone. Depois de entrar com o seu utilizador e password, era só esperar que a aplicação lhe desse sinal de um novo cliente…

Explicou-nos que a app o sinaliza sonoramente e, depois de aceitar o serviço, lhe dá a localização do cliente e o destino por este pretendido. A aplicação calcula um trajecto no mapa virtual e em 99% dos casos faz por o respeitar. A quantidade de vezes que são chamados tem directamente a ver com a localização onde estão e pela classificação que têm na plataforma, dada pela satisfação dos clientes. Assim, quanto melhor forem classificados (sistema de estrelas), mais vezes são chamados e mais dinheiro acabam por ganhar… Os condutores da Uber não são na realidade seus funcionários. São trabalhadores independentes que trabalham à tarefa para a multinacional. Como aqui se diz, é malta dos recibos verdes. Do valor cobrado ao cliente, são 80% para o condutor e 20% para a Uber, como taxa de serviço. Para “Pedro”, é uma excelente forma de rentabilizar o carro que comprou recentemente, uma vez que está desempregado e não tem outra forma de rendimento. Como não tem que fazer qualquer tipo de formação, nem fazer qualquer investimento inicial ou sequer alterar o carro, esta foi uma saída profissional quase imediata e que “dá para viver relativamente bem”. Por outro lado, “como gosto de conduzir”, junta o útil ao agradável. Antes de nos despedirmos “Pedro” ainda nos disse que no dia anterior tinha experimentado trabalhar no período da noite, onde os clientes “são um bocadinho mais chatos” mas os trajectos são tipicamente mais longos, aumentando o seu rendimento. Mas nem tudo serão rosas, tal como os “concorrentes” taxistas, arrisca-se a ser assaltado. Mas, perante essa insinuação, diz-nos com ar confiante que como os pagamentos são online, não anda com dinheiro nenhum, minimizando o risco de assalto.
Pareceu-nos mais assustado com a perspetiva de ser “atacado” pelos seus concorrentes “taxistas”. Há relatos de violência com taxistas em vários países, nomeadamente em França e no Brasil. Por cá, ainda nada de significativamente grave terá acontecido, mas já há casos de alguma tensão. O Pedro compreende os taxistas e considera injusta a diferença de legislação, nomeadamente no que respeita ao tempo e aos custos do licenciamento de um táxi. No entanto defende que a mesma deve ser aliviada para os táxis ao invés de agravada para os trabalhadores liberais suportados na plataforma Uber. Segundo ele, os clientes é que deverão decidir qual o serviço que mais lhes interessa… Para o Pedro, “estamos todos a tentar ganhar a vida honestamente”.
Cabify – Imitação ou inovação?
Mas as dores de cabeça dos taxistas podem não ficar pela Uber. Outras marcas e

plataformas emergiram rapidamente e algumas delas estão também a pensar estabelecer-se em Portugal. É o caso da Cabify, empresa espanhola que actua de modo similar à Uber, estando já presente em Espanha, Portugal e alguns países do Continente Americano (Costa Rica, Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Panamá, Peru e México). Em Portugal estão já em Lisboa e no Porto. Ficámos curiosos e fomos fazer o mesmo trajecto utilizando agora a plataforma Cabify.
O serviço é muito similar ao da Uber, utilizando as mesmas premissas em relação à definição do trajecto, classificação do condutor e tudo o resto descrito acima para a plataforma concorrente. Será eventualmente discutível a quantidade de veículos associados a cada plataforma, que poderia levar a que a plataforma mais bem sucedida tivesse probabilisticamente um veículo mais perto de si, ou seja, é previsível que a Uber possa ser eventualmente mais eficaz a arranjar-lhe um veículo rapidamente.

No entanto, durante o trajecto da Expo para a Baixa, o nosso condutor, o “João”, salientou algumas mais valias da Cabify em relação à Uber. Possivelmente, a principal diferenciação da Cabify em relação a outras plataformas será a sua tarifa fixa por km, que somente contabiliza a distância e ignora o factor tempo na construção do preço. Assim, as previsões de custo do trajecto apresentados pela Cabify serão sempre muito mais aproximados. A menos que o condutor não respeite o trajecto proposto pela aplicação (a pedido do cliente, por exemplo), o preço a pagar será mesmo muito próximo do apresentado inicialmente aquando da marcação do serviço. Significa isto que estamos a mover o risco de haver trânsito para o lado da plataforma/condutor.
Por outro lado, é possível agendar o serviço de Cabify para um determinado dia e hora pretendida, o que poderá ser uma muito útil. Se tiver que arranjar transporte para o aeroporto às 5 da manhã, será provavelmente boa ideia marcar o serviço com alguma antecedência e não ficar à mercê da haver (ou não) disponibilidade de veículos a essa hora…
Finalmente, outra mais valia que nos foi salientada tem a ver com o tipo de veículos

utilizados que, segundo o nosso condutor “João”, na Cabify são sempre de gama média/alta, enquanto que no serviço mais básico da Uber serão de gama média/baixa. Nas viagens que fizemos isso realmente aconteceu mas não podemos comprovar que assim seja sempre, nem vimos nenhum compromisso explícito da marca nesse sentido. Mas fica a informação tal como a recebemos e percepcionámos na prática, ou seja, o carro da Cabify era efectivamente de um modelo superior ao que nos enviou a Uber no seu serviço mais económico. A Cabify parece também apostar num mercado mais profissional, das empresas e dos seus executivos, em complemento ao mercado do consumo. Será até esse o seu principal foco quando apresenta a possibilidade de marcação antecipada de serviço e aposta em carros premium, como oferta adaptada para quadros executivos em viagem. Nesse particular, a Cabify será eventualmente mais comparável ao serviço UberBLACK. Para não desviar do essencial desta reportagem, deixamos para uma edição futura a análise do mercado mais Premium no que respeita a transporte de altos quadros executivos e afins.
Serviço Convencional
Convenhamos que basta um punhado de taxistas mal humorados para colocar em causa a

imagem de milhares de profissionais. Quem nunca teve uma má experiencia no aeroporto de Lisboa só pelo facto de ser Português? Quem nunca teve uma discussão no trânsito com um taxista? Quem nunca teve problemas por estar a chamar um táxi para um trajecto curto? Quem nunca entrou num táxi imundo a cheirar a fumo, ou pior? Quem nunca se deparou com um taxista vestido qual pedinte ambulante?
Não são certamente todos, nem sequer serão a maioria, mas estes erros acumulados ao longo dos anos por alguns taxistas deixou a imagem do sector nas ruas da amargura. Muitos clientes com quem falámos anseiam por alternativas e têm uma perspectiva quase “punitiva” em relação aos tradicionais táxis. Mais grave ainda, grande parte da população não acredita na revitalização do sector a partir dos operadores existentes. Cabe agora aos táxis definir a sua estratégia, que pode ir de “conservadora” (no combate puro e absoluto às novas plataformas tecnológicas) a “renovadora” (pela adopção das plataformas e promovendo até algumas inovações).
MyTaxi – A resposta dos Táxis
Ao mesmo tempo que continua a contestação nas ruas e os processos nos tribunais, já

existe uma primeira resposta tecnológica dos táxis, na forma de uma plataforma de nome “MyTaxi”. Ao instalar a App do MyTaxi no seu smartphone, encontra uma plataforma funcionalmente bastante similar à da Uber, que lhe permite chamar um táxi, ter uma perspectiva do tempo que levará a chegar, pagar online para não ter que usar dinheiro no táxi, classificar o condutor, etc…
Mas esta plataforma foi até mais ambiciosa e não se limitou a imitar a plataforma da Uber, tendo adicionado algumas funcionalidades que poderão ser-lhe realmente muito úteis. Assim, a plataforma MyTaxi permite reservar um serviço de táxi para uma data futura (até quatro dias em avanço). Pode também escolher um condutor específico que lhe tenha agradado no passado, premiando de forma mais directa o desempenho do condutor e do seu táxi. Está também previsto poder incluir uma gorjeta no caso de pagamento online, se assim o achar p

or bem. Finalmente, pode solicitar que o táxi seja um veículo de maior capacidade, para até oito passageiros ou sinalizar que leva o seu animal de estimação consigo – nesse caso, já só serão chamados táxis dispostos a transportar animais de estimação.
Além de todas estas mais valias, a plataforma MyTaxi tem como principal diferenciador o facto de utilizar sempre veículos autorizados, que estão licenciados e identificados como
táxis, e são cada vez mais os taxistas aderentes à plataforma. Certamente já terá visto alguns táxis com um enorme “X” na porta lateral, que é parte do logótipo da marca. Estes taxistas aproveitam “o melhor dos dois mundos”, podendo fazer serviço pela via tradicional nas praças de táxi ou pela via da plataforma tecnológica. Assumindo que nada ficará igual daqui para a frente, mesmo que a Uber deixasse de operar em Portugal, esta parece ser uma resposta à altura das espectativas desta nova vaga de clientes amigos das novas tecnologias. Não só iguala como supera muitas das características dos serviços concorrentes.
A concluir…
Em primeiro lugar temos que reconhecer que os taxistas têm realmente razões para se queixarem de concorrência desleal. Todos concordarão que deverá existir um enquadramento legal justo e financeiramente suportável para quem quer exercer esta profissão. Parece óbvio que não pode continuar a existir uma diferenciação de tratamento do estado em relação a duas faces da mesma profissão. Não se pode exigir um alvará, formação e custos elevados a uns (aos taxistas) e isentar outros de qualquer responsabilidade e custo (Uber e afins). A saber está se os governos Europeus – e nomeadamente o governo Português – irão aligeirar as obrigações dos táxis ou agravar as dos prestadores de serviço das novas plataformas Uber, Cabify ou similares. A nível legislativo, na legalização dos veículos e dos seus condutores, certamente que muita tinta ainda irá correr…
Por outro lado, um sistema simples, disponível a partir do seu smartphone, por cá ou em qualquer outro canto do mundo, que lhe permita aceder rapidamente a um táxi, com ou sem serviços adicionais, e ao mesmo tempo que permita classificar e/ou diferenciar positivamente os bons profissionais do transporte urbano, só pode ser uma boa notícia. O sucesso deste tipo de serviço não vem por acaso… em primeiro lugar vem porque as populações aderiram em massa e classificam genericamente como positiva a experiência.
Se as populações gostam e aderem massivamente aos serviços prestados por estas plataformas, então os profissionais do sector deveriam ser os primeiros a receber a mensagem e a adaptar-se aos novos tempos e às novas exigências dos seus clientes. Se calhar, as “radio-taxis” terão que se transformar em plataformas tecnológicas. Se calhar, ser taxista agora implica andar de fato e gravata… Se calhar, agora os carros têm que ser lavados e perfumados diariamente. Se calhar, ficar horas no aeroporto e depois “ter o azar de calhar um Português” vindo de viagem, não é um bom negócio. Possivelmente, o próprio conceito de esperar “ter a sorte” de apanhar um turista estrangeiro para fazer um percurso mais longo do que o necessário, é algo já ultrapassado e que precisa mesmo de ficar rapidamente em vias de extinção. Curiosamente as plataformas tecnológicas, incluindo a MyTaxi, resolvem todos estes problemas e por isso têm sucesso.
Hoje em dia os clientes, nacionais e estrangeiros, são cada vez mais informados e capazes de utilizar as novas tecnologias. Todos têm um telemóvel e muitos já sabem ver nas aplicações GPS, com mapas actualizados, qual o percurso que estão efectivamente a fazer. Por outro lado, já lá vai o tempo em que era um motivo de orgulho apresentar um carro com duas voltas de conta quilómetros, ou seja, com mais de 1 milhão de km. Que não se iludam os taxistas, porque salvo raras excepções, hoje em dia, isso é simplesmente visto como um “carro velho e manifestamente desconfortável”.
Na perspectiva dos utilizadores do serviço, o problema não estará certamente no licenciamento dos condutores e/ou dos veículos. Dá confiança mas, como se comprova, não é um factor suficiente para desmotivar a sua utilização. Uma coisa é certa, as plataformas como o MyTaxi, a Uber ou a Cabify tornaram-nos clientes mais exigentes e mostraram que é possível fazer mais e melhor neste sector. Depois disto, quem já experimentou uma destas plataformas, dificilmente quererá voltar a ligar para um “rádio-táxi” do antigamente.
Têm agora a palavra os taxistas e a sua capacidade de se reinventarem, usando ou criando as suas próprias plataformas. Seria mesmo muito bom haver plataformas portuguesas a concorrer com estas multinacionais. Acreditamos que o sector terá obrigatoriamente que dar resposta aos anseios dos seus clientes e que, por isso mesmo, mais e melhores plataformas surgirão, para todos os gostos de clientes e condutores, deixando os velhinhos “rádio-táxis” para os poucos tecno-excluídos que persistirão, ou seja, para os que não utilizam computador nem smartphone – que ainda existem, mas já são poucos.