Escrevo estas linhas a cinco mil metros de altitude, a bordo de um voo semi-regional da “nossa” TAP. Sobrevoando Aveiro a cinco mil metros de altitude e a uma velocidade terrestre de 494 Km/h, a vista é quase lunar, com grandes áreas pintadas de branco imaculado, qual algodão puro. A visão de topo dá-me uma perspectiva real, mas também simbólica, da nossa posição na Europa e no Mundo.
Visto daqui, não há diferenças entre povoações, regiões nem tampouco se faz notar qualquer diferença quando entramos finalmente em território espanhol. Visto de cima, não há barreiras nem fronteiras, fazendo-se notar uma refrescante continuidade visual. Visto de cima, com algum distanciamento, torna-se claro o sentido que faz o verdadeiro e original projecto Europeu…
Esta visão unificante faz-me lembrar John Lennon, que em 1971 já imaginava as virtudes de um modelo de sociedade sem fronteiras de nenhum tipo. Onde os valores humanos se sobrepõem aos valores materiais. Onde o amor ofusca o ódio. Onde a partilha é mais impulsiva e fácil que a avareza. Onde, genericamente, os bons sempre vencem os maus!
Algures no tempo a Europa desviou-se do caminho mas mesmo cá de cima, numa perspectiva distante, olhando de oriente a ocidente, não se vislumbra melhor. Resta-nos endireitar o que está mal e seguir caminho. Um dia chegaremos, tal como eu, já com os pés bem firmes no chão, já cheguei ao meu destino.
Pedro Conceição
(Director)